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Marcos José de Abreu, o Marquito, é natural de Florianópolis, Engenheiro Agrônomo e pós-graduado em Agroecossistemas com título de Mestrado pela Universidade Federal de Santa Cataria (UFSC). Referência na cidade e no Brasil em Compostagem, Agricultura Urbana, Permacultura, Agroecologia e Alimentação. Uma trajetória de coerência entre a prática cotidiana e uma proposta de sociedade mais igualitária, fraterna e equilibrada ecologicamente.

 

Atualmente cumpro as seguintes funções:

 

 a)   Presidente do Conselho Estadual de Segurança Alimentar e Nutricional de Santa Catarina (CONSEA/SC);

 

 b)   Coordenador de Agricultura Urbano do Centro de Estudos e Promoção da Agricultura de grupo (CEPAGRO);

 

 c)   Idealizador do Projeto Revolução dos Baldinhos, na Comunidade Chico Mendes, no Bairro do Monte Cristo;

 

 d)   Conselheiro da Associação Slow Food Brasil;

 

e) Integrante do Fórum Catarinense de Combate aos Impactos dos Agrotóxicos e Transgênicos.


Sou filho de José e de Ana, ele pedreiro e ela cozinheira, camponeses que o agronegócio expulsou do campo e a cidade engoliu. Cresci sempre na periferia, entre a cidade e a roça, ao lado do engenho de farinha, indo visitar os avós na roça e participando do preparo da farinha, do café, do açúcar, da colheita de banana, tirar mel, criar vaca e galinha. Quando criança tive galinha de estimação, que colocava ovo em minhas mãos. Hoje tenho galinhas no meu quintal e faço questão que a minha filha vivencie isso. Sempre estudei em escola pública, sempre sonhei muito, sempre com muitos planos. Fazíamos cabanas no mato, pista de bicicleta, campinhos de futebol, banho de rio, voando entre as árvores em cipós, soltando pipa e descendo morros de carretão.

Sonhos, estudos, aventuras e a capoeira.

Foi chegando a adolescência, sempre com vontades extras, mas não tinha a mesma vontade que todos tinham, de ter uma moto, um carro; eu queria era conhecer o mundo, queria saber o que estava além daquilo que eu via. Na saída da infância, sempre fiz meus bicos, vendia bananinha recheada pelas ruas à tarde, juntava sucata para vender, fazia rabiola de pipas, capinava terrenos, ajudava meu pais ou tios nas obras. Entrando a adolescência, trabalhei na Promenor como um jovem de baixa renda que era; fui estagiário em um arquivo do fórum, fui office boy na Caixa Econômica Federal e sempre estudando, passando de ano e querendo ver o que tinha além. Aos 16 anos, despertei para o que existe de raiz e mandingagem”na prática da Capoeira Angola, onde a ecologia também se manifesta de forma simples. No mesmo período também descobri que havia universidade. Neste instante o sonho passou a ser chegar lá.

O despertar para a ecologia profunda e o autoconhecimento

Continuei trabalhando e estudando, nas férias e folgas trabalhava de ajudante de pedreiros com meu pai e tios. Continuava visitando os avós na roça, às vezes a visita durava muitos dias, era muito bom. A capoeira, os grupos de amigos e a vida perto da natureza me levaram a ter vontade de estar cada vez mais perto do mar. Aí fui com os amigos acampar, sempre com pouco dinheiro, mas com muita amizade e alegria de viver. Acampávamos nas praias desertas, pedalávamos dezenas de quilômetros para chegar aos destinos, nos aventurávamos naquilo que nossos mundos não conheciam.

Veio chegando o vestibular e o desejo de entrar numa universidade pública era presente, porém a cada vestibular faltava pouco. Assim passaram-se 2 anos, a capoeira continuava, mudei de trabalho, meu pai e um tio abriram um bar com lanchonete e eu ajudava no atendimento e na produção dos lanches, os conhecidos “X-salada”. Os acampamentos e o desejo por uma vida mais ecológica, mais justa e mais verdadeira tomavam cada vez mais lugar dentro de mim. Trabalhando numa empresa terceirizada da CEF, com um salário um pouco melhor, me aventurei numa universidade privada e lá encontrei um curso que parecia ser tudo o que dentro de mim pulsava. O Curso era Naturologia. Entrei e me deparei com um mundo do autoconhecimento, da ecologia profunda e da Física Quântica. Foi um grande marco na minha vida.

A grana era ainda mais escassa, mas consegui deixar de trabalhar na lanchonete e fui me aventurar em coisas mais artísticas. A bicicleta foi o principal meio de transporte nesse tempo, outro marco. Eram mais de 70 quilômetros por dia entre casa, faculdade, trabalho e casa. Naquele momento não queria mais trabalhar no emprego terceirizado do banco, mas tinha que pagar faculdade. Então fui atrás de uma bolsa e na procura encontrei uma seleção de estudantes para trabalhar em comunidades, com jovens. Passei na seleção, fiz a formação e, aos 20 anos, era coordenador de um grupo de jovens da comunidade Chico Mendes, que tinham entre 14 e 18 anos. O que eu poderia fazer? Fazer o que sempre fiz: ser eu mesmo, pedalar, jogar futebol, sonhar, querer continuar a ver além do que era possível, me permitir. Começamos a trabalhar e apesar de coordenador, eu era só mais um jovem. Ali se iniciou um trabalho de transformação que desenvolvi por mais quatro anos: painéis de mosaicos de azulejos. Foram mais de 5 painéis em comunidades da periferia de Florianópolis, todos construídos com jovens destas comunidades e apoiados pela prefeitura municipal, especialmente em comunidades que estavam passando por processo de urbanização.

Neste meio tempo não queria mais pagar faculdade privada e finalmente consegui entrar na Faculdade de Agronomia em uma universidade pública (UFSC). Com os jovens também comecei a criar peças de artesanato e aprendi com um grande amigo a fazer tatuagem de henna. Assim foram quatro verões trabalhando na praia fazendo tatuagem de henna, renda que me permitiu comprar um terreno e, com um grupo de amigos, construirmos uma casa totalmente feita de materiais de recuperação, com banheiro seco, aquecimento natural e muito linda, chamada Base.

A Base

Na Base, todo esse percurso da relação com a terra, com a construção civil, com essa vontade de viver de maneira simples em harmonia com a natureza, com arte, com ecologia e agricultura natural se fez presente. A permacultura foi uma guia e a parceria com a moçada da universidade e do grupo de amigos foi a força para essa construção. Nesta época, entrei no Cepagro, uma ONG do campo da agroecologia e agricultura familiar e urbana, onde estou há 13 anos (primeiro como bolsista; como profissional já se vão 10 anos). Vale ressaltar que o uso da bicicleta como transporte permaneceram desde o tempo da faculdade de Naturologia. Fiz também muitas viagens de bike nas férias: uma de Floripa até o Rio de Janeiro com mais dois amigos; outra de Floripa até Montevideo com mais um amigo; mais uma de Fortaleza até Salvador com amigos e minha companheira; e a última por dois meses e quatro mil quilômetros pela Europa com minha companheira.

Comunidade Chico Mendes e a Revolução dos Baldinhos

Voltando ao Cepagro, entrei para desenvolver o programa de Agricultura Urbana, mas também trabalhei em outras frentes como a de assistência técnica a pequenos agricultores familiares na transição agroecológica, no processo de certificação participativa e na coordenação e administração do Cepagro. Conseguimos apoio de organizações nacionais e internacionais, também com parcerias com prefeituras e organizações locais. Após três anos fui focando mais na agricultura urbana, na compostagem e na segurança alimentar, sempre com o enfoque agroecológico. Neste início do programa de Agricultura Urbana voltei às origens e a primeira comunidade que discutimos a implantação foi, logicamente, a Chico Mendes, por ter uma relação anterior e por ter sido lá meu despertar para a realidade nas periferias e o desejo de transformação social.

Depois de dois anos de trabalho, por uma questão de sujeira pelas ruas da comunidade, houve um problema grave com ratos e a solução foi a compostagem e agricultura urbana. A Revolução dos Baldinhos surge e nela se concretiza a realização da utopia: a da comunidade resolver por ela mesma seus problemas, aqueles que o poder público não resolve. Com a certeza de que com engajamento social local e um bom acompanhamento o pessoal iria participar, em menos de 6 meses a transformação era evidente e hoje, 8 anos depois, ninguém mais quer saber da Revolução dos Baldinhos acabar. Transformou a vida do bairro, transformou a vida dos jovens daquela comunidade, transformou a visão do país para os resíduos orgânicos e a compostagem bem manejada ser sinônimo de saúde e não de doença. 

Hoje a Revolução dos Baldinhos é referência para o Brasil; recebeu a segunda colocação nacional do Prêmio Tecnologia Social da Fundação Banco do Brasil em 2013 e será replicada em mais de 124 empreendimentos do programa Minha Casa, Minha Vida, através do programa Moradia Urbana com Tecnologia Social. O Ministério do Meio Ambiente reconhece a Revolução dos Baldinhos como a maior referência em Gestão Comunitária de Resíduos Orgânicos e Agricultura Urbana. A Rede SESC de Santa Catarina, inspirada na Revolução dos Baldinhos, implantou três pátios de compostagem e modelos de gestão de resíduos e construiu uma mostra de compostagem e agricultura urbana que está circulando pelas cidades do Estado de Santa Catarina há 3 anos. A Prefeitura de São Paulo há três anos conheceu a Revolução dos Baldinhos e desde então firmou uma parceria onde estamos assessorando tecnicamente nas estratégias para a Gestão de Resíduos Orgânicos e Compostagem. No final de 2014 entregamos projetos técnicos para centrais de compostagem e pátios descentralizados, todos para gestão dos resíduos orgânicos das feiras livres e podas de São Paulo. Ao final de 2015 inauguramos o primeiro pátio de compostagem para a cidade de São Paulo, foi no bairro da Lapa e atende 20 feiras livres e trata cerca de 10 toneladas de resíduos orgânicos por dia. O Prefeito da cidade esteve na inauguração e pude orientá-lo sobre a importância da compostagem.

É importante destacar que a compostagem é uma grande transformação social e ambiental, pois mais da metade dos resíduos que geramos são orgânicos e se coletarmos na fonte e transformarmos em adubo orgânico, através da compostagem, podemos mudar uma realidade preocupante deste país, acabando com os lixões e diminuindo a necessidade de aterros. Desta maneira produziremos adubo suficiente para aumentar a produção de alimentos agroecológicos, especialmente na cidade e no entorno dela. Se fizermos isso de forma comunitária e descentralizada, aliamos mais uma transformação social, pois será realizada com participação efetiva e direta das pessoas do local. Por estes elementos é que a Revolução dos Baldinhos trouxe uma luz na gestão de resíduos do país, pois realiza na prática o sonho de um mundo mais justo, equilibrado e cíclico.

Segurança Alimentar e Nutricional e Slow Food

Também baseado na Agroecologia, desde 2008 faço parte do Movimento Slow Food, participando dos últimos três eventos “Terra Madre Internacional” em Turim, na Itália, e sendo o representante da Agroecologia e Agricultura Urbana no Conselho da Associação Slow Food Brasil. A esta ação soma-se a minha participação no Conselho Estadual de Segurança Alimentar e Nutricional (CONSEA-SC), onde represento o CEPAGRO há mais de cinco anos e estou há três anos como presidente deste conselho, um espaço de controle social das políticas de Segurança Alimentar e Nutricional. Também faço parte do Fórum Catarinense de Combate aos Agrotóxicos e Transgênicos, onde coordeno a comissão de segurança alimentar e nutricional. Estes espaços citados por último são espaços importantes onde representamos a sociedade e também conseguimos influenciar em políticas públicas fazendo o controle social do governo. São espaços de disputas, mas são espaços fundamentais para que se tenha uma fiscalização da sociedade frente às decisões governamentais.

Acho importante dizer que além de toda essa ação nas comunidades, nos espaços de decisão e nos espaços de controle social, continuo a levar uma vida regada a simplicidade com minha família, onde há mais de 11 anos só utilizo banheiro seco e faço compostagem dos meus resíduos, retornando-os ao ciclo da vida; em nossa casa fazemos aquecimento natural das águas, construções com recuperação de materiais, muito barro e madeira, telhado verde, jardim, horta, galinhas, tudo muito simples e verdadeiro. Este é meu relato de transformador social.

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